Explore 'KinnPorsche' no SubNovelBL: A saga de Porsche, lutador e guarda-costas de Kinn, em um mundo de amor, perigo e máfia.

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Capítulo 10 da Novel de KinnPorsche – Cansado

Porsche

Acordei e me alonguei um pouco, sentindo câimbras pelo meu corpo todo enquanto meus olhos se fechavam tentando se acostumar com a luz.

Cocei a cabeça tentando lembrar do que aconteceu na noite passada. A única coisa que lembro é que segui Kinn até um bar chique, algumas garotas me ofereceram bebidas e um monte de homens estavam se amontoando no Kinn… Porra! 

Ele tá bem?! 

Abri os olhos assim que o pensamento sobre Kinn passou pela minha cabeça.

Como você pode ser tão estúpido, Porsche?! 

Eu já estava desesperado quando notei o teto estranho que estava encarando, olhei ao redor e me dei conta que era o quarto de Kinn e eu ainda estava deitado no sofá dele.

— Shia! — praguejei alto levantando.

Kinn definitivamente vai me matar!

— Você está acordado. — Uma voz fria veio de trás e meu corpo imediatamente enrijeceu apenas pelo som da voz dele. Virei devagar para onde o som veio, me preparando para o puxão de orelha, mas quando fiquei de frente para ele, ele só me olhou calmo.

— Eu… Eu… Uhm… — Eu não sei o que falar.

Eu realmente estraguei tudo dessa vez, não tenho nenhum álibi, foi minha culpa. Se eu não tivesse brincado descuidadamente, coisas como as de ontem a noite não teriam acontecido.

Eu estava tão sucumbido pela culpa que nem conseguia olhar para o rosto dele. 

— Levante e tome um banho, você não quer chegar atrasado para a atividade das 10 horas. — Ele disse calmo e eu olhei para ele.

Mas quando meus olhos encontraram os dele, ele desviou o olhar de volta para o que estava fazendo. Olhei para o grande relógio no quarto dele e percebi que já eram nove horas, levantei depressa e estava prestes a sair quando notei que estava apenas de cueca e camisa social.

— Por que eu estou quase pelado? — perguntei para mim mesmo, mas acho que falei muito alto, porque Kinn me respondeu.

— Você tirou suas roupas na noite passada. — Ele disse.

Meus olhos varreram o quarto e eu vi minhas roupas espalhadas pelo chão, imediatamente pegando-as.

Sério, Porsche? Tirar a roupa? Que idiota!

Dei uma olhada em Kinn enquanto pegava minhas roupas. Ele está bem? Não levantou a voz para mim mesmo com a bagunça que fiz ontem e está falando comigo casualmente, ele é realmente o Kinn que conheci? 

Porra! Por que eu acho isso tão desconfortável? 

Terminei de colocar meu terno indo para a porta, mas fui parado por Kinn. 

— Espere. — Ele disse e eu virei um pouco minha cabeça para olhar para ele.

— Coloque seu terno mais tarde, nós temos convidados chegando hoje. — Ele adicionou em uma voz suave.

— Eu, uhm… Noite passada, na noite passada eu… Você não está bravo comigo? — parei ali meio inquieto, eu realmente não consigo ler ele, e isso está me assustando. 

— O que tem de errado com você? — Ele perguntou para mim.

— Bem, normalmente quando eu faço algo que você não gosta, você… — Eu nem consegui terminar de falar quando ele disse.

— Então você está ciente do que fez, hein? Pensei que alguém como você nem se importaria em notar. — Ele falou, sem olhar para mim.

Ele deve estar brincando por estar muito absorto no que fazia, era novidade para mim ver Kinn assim, em uma camisa branca sem ser as que ele normalmente usa. Me dá um pouco de conforto como se ele fosse uma pessoa comum.

Eu estava ocupado olhando para ele quando ele levantou a cabeça para me olhar.

— Ou você quer que eu te xingue? — Ele brincou um pouco, perguntando com uma sobrancelha levantada.

— Não. — respondi e saí do quarto imediatamente.

Uma sensação esquisita sempre me vem quando ele fala desse jeito comigo, talvez eu estava só pensando demais.

Deixei esse pensamento para lá fechando a porta e estava prestes a ir direto para o andar de baixo quando encontrei olhos hostis.

Era Big, que provavelmente acabou de voltar de seu desaparecimento de alguns dias. 

— Porque você estava no quarto do Khun Kinn tão cedo? — Ele perguntou amargo, me olhando dos pés à cabeça.

Arrumei meu terno e dei um passo para frente, enfrentando o idiota, o encarei notando os hematomas que deixei nele da luta que ele mesmo começou.

— Me responda! — Ele disse, sombrio.

Eu não tinha a menor vontade de criar confusão com ele hoje, então eu só ignorei o que ele disse e fingi que não o escutei. O imbecil segurou meu braço, mas eu o afastei, encarando com olhos ameaçadores como se estivesse dizendo. "Se você não soltar meu braço, você vai ter o dobro de hematomas na cara!"

Ele deve ter escutado o que eu estava pensando, evitando o olhar me soltando.

Fui para meu quarto, lavei meu rosto e encarei o espelho. Eu realmente não consigo lembrar o que aconteceu no quarto de Kinn.

Por que eu estava quase pelado? 

O que me assustava mais era que Kinn não disse uma palavra sobre isso. Normalmente quando entro lá com roupas casuais, ele já começa a reclamar, mas dessa vez foi diferente.

Ele realmente não estava bravo comigo? Isso está me enlouquecendo!

Eu estava pensando em comprar alguns cremes de banho, shampoos, limpadores faciais e algumas roupas para colocar na minha mochila, eu não planejo ficar aqui, tenho que estar ao menos preparado para que se algo como ontem acontecer, não importa o que seja, eu possa ir para casa, para o meu irmãozinho.

Tomei um banho e vesti o terno que Kinn pediu. Eu realmente odeio esse tipo de roupa, é muito justo e sufocante.

Você não deveria vestir algo confortável se você está fora de uma guerra? Mesmo assim eles preferem isso, como vocês usam essa merda?

Já eram quase dez da manhã quando meu estômago roncou. 

Ah, estou com fome, onde essas pessoas conseguem comida? 

Saí do meu quarto procurando pelo refeitório, mas esbarrei em alguém. Era Pete em suas roupas casuais, ele imediatamente me cumprimentou com um sorriso.

— Oi, Porsche… O que aconteceu com você? — Ele disse brincando, eu apenas franzi o cenho para ele, não me importando com a brincadeira dele.

— Fome.

— Está no turno da manhã, hoje? — Ele perguntou, eu assenti com a cabeça em resposta, então ele me disse para onde o refeitório ficava. — Ande reto até o fim e você vai ver o refeitório dos funcionários.

— Valeu, cara. — falei para ele. — Você não trabalha hoje? — adicionei.

— Estou de folga! Te vejo na próxima, Porsche, tenho que ir! — Ele apertou a mala dele, se despedindo de mim e indo embora para casa. Ele correu rápido como se estivesse tentando evitar alguém.

— Que porra? — murmurei para mim mesmo, estava indo para o refeitório quando um dos homens de Kinn me chamou.

— Khun Kinn está te chamando. 

Droga! Você não pode esperar um pouco, Kinn? Eu nem consegui ver o refeitório ainda! 

Olhei para o homem irritado. Eu realmente queria comer agora. Olhei para o relógio e nem eram dez horas ainda! Mas o homem era insistente e me chamou outra vez. 

— Rápido! — Ele gritou.

— Mas nem está na hora ainda, eu vou comer primeiro. — falei, mas o homem franziu a testa.

— Pare de causar problemas, apenas vá! — O desgraçado disse e foi embora.

Chutei o ar em frustração. Se Kinn não ficasse puxando minha coleira eu já poderia ter comido.

Baguncei meu cabelo indo direto para o salão, chegando no quarto abri a porta e adivinha?

Não tinha ninguém lá! Nem mesmo o filho da puta do Kinn!

— Ele que me chamou e nem está aqui ainda. — falei frustrado.

Tentei achar comida pelo cômodo e para minha surpresa, algo fisgou meus olhos. Era um envelope dourado com uma logo verde do Senhor TK, chocolate com recheio de caramelo e um desenho engraçado de personagens em fileira. 

Quem foi que deu o nome dessa coisa? Parece nome de produto de limpeza, mas quem se importa? Eu tô com fome, vou apenas comer.

Tirei o plástico do chocolate e o enfiei na boca. Gente rica realmente gosta desse sabor? Esse troço parece sujeira e o caramelo é duro pra caralho, mas pelo menos me deixou um pouco cheio, então tá tudo bem.

Eu já tinha comido quase cinco dessas coisas horrorosas quando Kinn saiu pela porta de vidro. Aquilo era um quarto? Isso vem me incomodando desde a primeira vez que o vi. Olhei para Kinn e ele estava vestido com suas roupas de sempre, camisa e calça preta.

— O que você está fazendo? — Ele me perguntou.

— O que tem ali? — apontei com minha cabeça para o cômodo que ele saiu, mas ao invés de responder, ele me deu algo para fazer.

— Olhe esses documentos e os organize direito, não cometa os mesmos erros de antes. — Ele disse para mim, claramente se esquivando da minha pergunta.

— Esses documentos estão em inglês, como eu vou saber? 

— Idiota. — Ele murmurou, enquanto colocava pilhas de papéis na mesa perto do sofá.

— Espertinho. — murmurei de volta em voz baixa e comecei a organizar os documentos, quando vi que eles estavam em tailandês, suspirei aliviado.

— Por que você não senta aqui? Assim você pode olhar melhor. — disse Kinn, fazendo um gesto para que eu fosse sentar no sofá.

— Eu posso? — olhei para o sofá, ele comia o meu juízo toda vez que eu sentava ali sem permissão.

— Você já dormiu no sofá ontem a noite, não foi? — Kinn disse, enquanto tomava um pouco de café sentando na cadeira dele.

— Oh. — falei, franzindo um pouco minhas sobrancelhas.

Estava prestes a sentar no sofá quando senti uma tensão. Minhas calças, a porra das minhas calças estão me apertando muito! Quando estou em pé, está tudo bem, mas quando sento começa a grudar na minha pele.

Tive dificuldades em achar uma boa posição para sentar.

— Está tudo bem? — Kinn perguntou.

— Minhas calças são muito justas, quando você planeja me dar umas que sirvam direito? 

Kinn me deu um sorrisinho e bebeu café. P'Chan deve ter pegado minhas medidas errado.

Essa coisa é muito apertada.

Desafivelei o cinto para afrouxar um pouco e eu estava quase tirando quando olhei para Kinn pedindo por permissão.

— Ei, posso tirar minha calça? — Não acho que ele vai se importar, já que somos homens, quando estava na casa do Jom, eu andava só de cueca.

— Eu não me importo, só a coloque quando for sair. — Ele respondeu, focado no computador.

Você que disse isso!

Depois de ter permissão, tirei minha calça e a coloquei no braço do sofá. Eles disseram para que eu me vestisse devidamente quando estivéssemos do lado de fora, mas se estamos aqui dentro, posso vestir o que eu quiser. 

Vi Kinn olhar para mim. Ele não parecia irritado, só ficava me olhando de vez em quando.

A atmosfera estava mais leve do que a da primeira vez que estive aqui. Parecia que eu estava sentado perto de um amigo, não que eu e ele fôssemos amigos nem nada disso, mas… 

Ao menos, é o que parece.

— Essa tarde, eu estarei me encontrando com algumas pessoas, leve esses documentos para baixo depois e venha comigo. — Kinn disse e eu assenti.

— Que horas eles vão vir? Posso descer e comer primeiro? — Ele olhou para o relógio e depois para mim.

— Termine de organizar esses documentos, então você me encontra de tarde. — Depois que ele disse isso, me concentrei em organizar os documentos. 

Tenho que terminar isso conforme foi pedido e rápido, então posso ir comer. 

O tempo passou e eu terminei antes que pudesse notar, rapidamente coloquei minha calça e corri para o refeitório. 

No caminho eu continuava sem acreditar no fato de que Kinn estava sendo muito legal comigo. Normalmente quando faço coisas como essas ele grita comigo, mas hoje foi diferente. Eu até tirei minha calça na frente dele, o que eu sei que é um pouco inapropriado, mas ele nem ligou.

Parei de pensar sobre isso e apenas fiquei agradecido que ele não está dificultando para mim.

Consegui chegar no refeitório que Pete me disse e eu pude ver a mesma cena que encontrei no meu primeiro dia, um bando de idiotas olharam para mim e eu apenas fiz o mesmo que eles.

Andei até o balcão, peguei um prato colocando um pouco de arroz, do outro estavam os pratos principais, eles tinham muita variedade, mas eu só peguei um omelete simples. Do lado tinham vegetais, mas pareciam ser muito picantes aos meus olhos.

Diferente das outras pessoas, eu não posso comer comidas apimentadas. Tem vive me provocando por eu ter uma imagem de durão, mas não conseguir comer algo apimentado.

Eu estava ocupado com meus pensamentos quando escutei alguém falando. 

— Ei, Khon! Por que está demorando tanto? Você está realmente tentando pegar arroz ou está tentando pegar diretamente do pé? — O imbecil disse, enquanto eu continuava na frente do balcão do arroz.

Olhei para a mesa deles e vi eles olhando para mim rindo, eu sei que a pergunta que ele fez não foi para o amigo e sim para mim. 

— Então, o que você vai comer hoje? — O amigo dele disse alto para que eu escutasse.

O outro cara que estava fazendo piadinhas antes veio para perto de mim e disse: — Omelete, mas tenha cuidado para não mexer muito a gema ou vai escorrer.

Coloquei minha colher do lado do prato e o olhei por um momento. Quando vi que eles ficaram quietos, peguei minha colher e comecei a comer.

Quando pensei que eles tinham parado com a palhaçada, outra voz ecoou no meu ouvido. 

— Vamos pegar mais arroz! — Ele falou alto.

— Hui, não se preocupe com o arroz, nós podemos comer o quanto quisermos, não temos que nos apressar como um certo alguém. — Ele colocou ênfase na última palavra, me fazendo levantar uma sobrancelha para ele.

É isso, esse cuzão definitivamente vai ter o que merece.

— Você é um cachorro? —  coloquei minha colher na mesa encostando minhas costas na cadeira.

— O que você disse? — Um som alto veio da mesa dos idiotas.

— Me desculpe, mas você é tão bom em latir que pensei que fosse um. — No fim da minha sentença, o homem levantou junto com os amigos dele. 

— Você quer arranjar problema comigo? — O desgraçado me ameaçou. 

Ele acha que eu tenho medo de gente como ele? Só nos sonhos dele! Ele só está confiante porque sabe que não vai me enfrentar sozinho.

— Ahhh, quer saber de uma coisa? Você realmente é um cachorro, porque cachorros amam vir em matilha. — falei para ele, tomando um pouco de água, pegando meu prato e o levando para o balcão.

— Filho da puta! — Ele segurou meu braço e me socou no rosto, fiquei tonto por um momento, mas rapidamente me recuperei chutando o lado do corpo dele com força.

O prato de arroz que eu estava segurando agora estava no chão. Até mesmo mesas e cadeiras eram uma bagunça. Eu estava prestes a atacar novamente quando o bando dele me segurou pelos braços. Tentei me livrar deles, mas eram muitos para mim, o outro cara conseguiu socar meu rosto enquanto eu tentava escapar.

Esses desgraçados são sujos! 

— PORSCHE! — O imbecil que eu chutei antes estava de volta e me deu um soco, o punho dele colidiu com minha mandíbula fazendo meu corpo ficar curvado.

Quando consegui soltar minhas mãos deles, saí distribuindo socos para todos os lados.

— Pare! Pare! — Uma voz alta ecoou pelo refeitório, mas não acalmou o lugar caótico. Eu sei que cometi um erro arrumando briga com eles, mas eles sempre começam primeiro!

Eles não esperam que eu vá aceitar tudo quieto!

— PAREM TODOS VOCÊS! SE NÃO PARAREM EU VOU PROCESSAR CADA UM DE VOCÊS! — A velhinha cozinheira gritou e alguns guarda-costas vieram nos afastar.

— Você que começou isso, seu filho da puta! — gritei contra ele e estava prestes a pular nele quando percebi que meus pés não tocavam mais o chão.

Alguém me levantou e me levou para fora do refeitório, no caminho tentei tirar aquelas mãos de mim, mas foi impossível. Eles estavam me levando para o segundo andar e eu imediatamente soube para quem eles estavam me levando. 

Minha raiva diminuiu drasticamente quando fiquei de frente para a porta do quarto de Kinn, eles abriram-na e me arrastaram para dentro.

— Khun Kinn, seu guarda-costas bateu em outro homem. — O homem disse e eu o olhei irritado.

— Eu só te deixei sozinho por um minuto, Porsche. — Ele disse em um tom cansado.

— Mas ele que começou! — tentei argumentar e olhei para os desgraçados que nem conseguiam me olhar de volta.

— Pode se comportar nem que seja por um dia? — Kinn disse, apontando para mim sem prestar atenção em nenhum dos cuzões. 

— Por que não pergunta para os seus homens? — Por que ele está colocando a culpa disso só em mim? Eles claramente começaram primeiro e ainda socaram minha cara! 

— Porsche, não me faça repetir! Já falei para você não se meter em confusão, especialmente, com meus homens! — Kinn disse alto para mim, eu apenas o olhei com frustração por todo meu rosto.

— Certo! Ótimo! Ficou do lado do seu povo, eles são tudo o que você se importa, não é? 

Como você pode ignorar isso todas as vezes, Kinn? Se algo acontece, grande ou pequeno, você sempre coloca a porra da culpa em mim! Eu sei que nem sempre estou certo, mas eu odeio quando pessoas me culpam por algo que não fiz. 

— Nos deixem sozinhos. — disse Kinn.

— Porra! — deixei sair alto, chutando o sofá, fazendo bater contra a parede.

— Porsche! — Kinn gritou para mim. — Não teste minha paciência. — Ele apontou o dedo em minha direção, o Kinn que eu conheço estava de volta.

— Você é idiota? Eu falei que ele começou primeiro e você nem me escutou! É desse jeito que um chefe deveria tratar seus homens?! — gritei para ele.

Kinn veio rápido em minha direção me pegando pelo colarinho, ele me puxou para mais perto e estava quase me socando. Seu rosto estava igual a última vez, mas eu não me importei, não vacilei.

Imitei seus movimentos e o encarei, estávamos quase um socando o outro quando alguém bateu na porta.

— Khun Kinn, a segunda família chegou. — A pessoa foi embora e Kinn respirou fundo, tentando seu melhor para mascarar a raiva, ele olhou para mim.

— Se você não calar a boca, eu vou te matar. Eu juro por Deus, que eu vou te matar! — Ele disse para mim, arrumando o terno e indo embora do quarto. — Traga os documentos em cima da mesa e me siga. — Ele falou em um tom de voz controlado, mas um pouco ameaçador.

Sem conseguir segurar minha raiva, soquei a parede. Soquei com tanta força e mesmo assim não consegui sentir dor, tudo que sinto agora é raiva, raiva de Kinn.

Ele acha que eu tenho medo das ameaças dele? 

Apenas fechei os olhos e tentei ficar calmo, depois peguei os documentos e sai. Estava descendo para o saguão quando o vi cumprimentando duas pessoas mais velhas e um rapaz. 

— Seu pai não está aqui hoje? — disse uma voz profunda, Kinn balançou a cabeça em resposta.

Eu fiquei perto deles junto a outros guarda-costas.

— Ele vai estar aqui em uma hora, vocês já comeram? — Kinn perguntou para eles educadamente.

Porra! Eu não consigo pensar direito, ainda sinto raiva toda vez que vejo o rosto de Kinn, e que atmosfera é essa? Era tão chata que estava me irritando.

— Espere um momento enquanto eu pego os documentos. — Ele falou para os convidados e olhou para mim.

Fiz uma careta para ele indo até onde eles estavam, batendo os papéis na mesa. Kinn olhou para mim como se eu tivesse cometido um crime, eu olhei para o rosto dos convidados e eles não tiveram reação nenhuma, então olhei para Kinn e o encarei.

Eu te odeio pra caralho! 

— A comida chegou. — A empregada disse e acenou para a gente. Eu olhei para ela confuso e um dos guarda-costas me cutucou.

— Vá pegar para Khun Kinn. — Fiz o que ele disse e peguei a bandeja da empregada, coloquei a comida na mesa e os convidados olharam para mim. — Sirva comigo. — Ele falou.

Fechei meus olhos tentando me conter e Kinn olhou para mim. 

— Sirva chá para os mais velhos, algo doce para vegas e um copo de café americano para mim. — Kinn disse em uma voz suave, analisando os documentos na mão. 

Eu peguei a bebida dele e estava prestes a colocar em sua frente, mas quando vi o rosto dele minha raiva cresceu outra vez. Coloquei o café quente em sua mão e respingou um pouco nas mangas dele.

— Merda! — Kinn praguejou, balançando as mãos, bagunçando os documentos. Ele me deu um olhar irritado e olhou para os convidados. Eles estavam chocados. Kinn imediatamente disse para mim. — Que porra você está fazendo?! 

— Me desculpe, não foi minha intenção. — Minha raiva se transformou em culpa pelo que fiz. 

— Você está realmente testando minha paciência? — Uma voz irritada vinha de Kinn, seus olhos estavam começando a ficar escuros outra vez.

— Me desculpe, isso vai ser descontado no meu salário? — perguntei confuso, então um coro de risadas preencheu o lugar.

— Uau, essa casa realmente sabe ensinar seus guarda-costas. Você deve respeitar muito o Kinn, hein? — A risada ecoou pelo grande salão, Kinn voltou a olhar para eles com um sorriso, levantou e se curvou para os convidados.

— Eu vou trocar de roupa. Vocês podem ir olhando os documentos por enquanto, meu pai vai estar aqui em um momento, se me derem licença. — Kinn disse, em seu tom mais educado, então virou para mim. — Você, vem comigo. 

E lá vamos nós de novo.

Segui Kinn para o quarto dele e assim que a porta fechou, senti algo pesado contra minha bochecha.

Kinn tinha me dado um tapa.

Me bateu com tanta força que dei uma cambaleada e quase caí. Um sentimento pesado se espalhou pelo lugar junto ao gosto de sangue que senti em minha boca. 

Acariciei minha bochecha e lábios sangrando, estava pronto para atacar Kinn quando ele me empurrou no sofá.

— Que porra você pensa que está fazendo?! — gritei para ele. Kinn tinha pego minhas mãos as colocando em cima da minha cabeça enquanto eu tentava me soltar.

— Eu posso tolerar sua atitude de merda quando estamos sozinhos mas você foi longe demais dessa vez, me fazendo de palhaço na frente da segunda família! Agora eu tenho que te ensinar uma lição. 

Continuei tentando me soltar e até consegui levantar, mas Kinn me puxou pelo braço e me jogou na parede com força. Quase me perdi. Olhei para ele e todos meus sentimentos reprimidos vieram à tona.

— Por mim, tudo bem, diga o que você quiser! Me xingue, me puna! Mas você ao menos tentou ouvir o meu lado? Você sabe que seu homem que começou a briga, mas você fechou os olhos e deixou ele se safar colocando a culpa toda em mim! Eu sei quem você é e sei qual é meu lugar nesta casa, mas se espera que eu vá te respeitar depois de tudo que fez, pode tirar seu cavalinho da chuva!

Fiquei um pouco sem ar depois que terminei de falar porque eu não consigo aguentar mais disso! Eu posso não estar certo na maioria das vezes, mas odeio o fato de que eles me intimidam e saem impunes, especialmente, porque eles que começam a briga e eu que me fodo no fim.

— Mesmo que você tenha um ponto, você não tem o direito de me desobedecer! Eu sou seu patrão e seu único trabalho é me obedecer. 

— Você faz isso e espera que eu te siga?! — respondi com raiva.

— Se não pode fazer isso, então vá embora! Mas se planeja ficar aqui, se comporte! — Ele soltou meu braço, me empurrando para a porta.

Esse filho da puta idiota não me escuta! 

Saí do quarto e fechei a porta com força atrás de mim. Falar com Kinn é uma perda de tempo e energia, eu não quero ficar aqui ou muito menos ficar perto dele.

No caminho para o jardim peguei meu maço de cigarro, acendi um me encostando em uma parede próxima. Eu realmente quero pedir demissão, mas se eu fizer isso não vou conseguir pagar a dívida.

Chutei uma pedra perto de mim em frustração e passei minha mão em meus lábios, aquele desgraçado teve a coragem de fazer isso comigo! 

Acendi um segundo cigarro, minha raiva estava longe de diminuir. Queria quebrar algumas coisas só para extravasar.

Olhei para o canto e vi um garoto parado na minha frente com um livro de desenhos em quadrinhos nas mãos. 

— Tá olhando o que?! Eu vou arrancar seus olhos fora! — falei para o garotinho de modo grosseiro e ele imediatamente foi embora. Eu não sei de quem esse garoto é filho, mas eu não consigo controlar meu temperamento agora.

Talvez ele seja filho de algum funcionário ou algo assim.

Relaxei um pouco e parei de pensar no que tinha acontecido, eu não estava nem na metade do cigarro quando escutei alguém me chamar. 

— Porsche! Khun Kinn quer ver você.

Respirei fundo jogando o cigarro no chão para apagar, pisei com força imaginando que era a cara de Kinn.

Segui o homem que me chamou e ele me levou para o salão principal, quando entrei fui recebido por Khun Korn, Kinn e os convidados, todos me olhando com indiferença. Meu olhos foram direto em encontro ao garoto agarrando a cintura de um dos convidados, era o mesmo que vi no jardim.

— É ele, pai! Aquele que disse que iria arrancar meus olhos! — Ele disse, de modo assustado. 

Todos eles viraram para me olhar e o desgraçadinho mirim sorriu para mim.

— Isso é verdade, Porsche? — Khun Korn perguntou, em um tom sério para mim. — Você disse isso para Macau? — Ele adicionou e eu apenas pude me curvar sem discutir.

— Me desculpe. — falei.

— Como se atreve a dizer isso ao meu filho?! — Uma voz grossa veio do homem que o garoto agarrava. 

Fiquei em silêncio, levantando minhas mãos em uma saudação para o garoto. 

— Eu sinto muito.

— Por que não tem nem um pouco de remorso em sua voz?! Você realmente sente muito pelo que fez?! — Ele gritou, me deixando mais irritado do que eu já estava.

— Okay, é o suficiente, Porsche já disse que sente muito, você pode ir agora, Porsche. — Khun Korn disse para mim.

— Só isso?! Mas ele vai machucar Macau! — O homem mais velho disse.

— Eu cuido do meu pessoal. Agora vá, Porsche. 

Fui embora dali enquanto o homem continuava a protestar com Khun Korn, mas ele o fez calar a boca, e já estava saindo do salão quando uma voz profunda falou atrás de mim. 

— Vá para o meu quarto.

Quando foi que Kinn me seguiu? Eu nem percebi ele levantar momentos atrás.

•••

Eu estava no meio de uma confusão mental quando o imbecil me arrastou para dentro do quarto, a tensão na atmosfera estava pior que antes. 

Kinn deixou escapar um suspiro cansado andando até a mesa dele. 

— No seu primeiro dia você queimou minha casa e matou nossos peixes. No segundo, você ficou bêbado e eu quase fui sequestrado. Agora, você não apenas me humilhou na frente da segunda família, mas ameaçou meu primo. Você trouxe todo esse caos para minha casa em apenas três dias! Por Deus, Porsche! Eu nem sei o que falar para você! 

Você pensa que é o único que teve dificuldades nesses dias? 

Porra! Eu estou super cansado, só queria dormir e não acordar mais. 

— Então o que vai fazer sobre isso? — perguntei com sarcasmo.

— Seus pais não te educaram direito? Você pode me respeitar pelo menos uma vez? — Os olhos cansados de Kinn olharam para mim, sua voz não era raivosa e sim exausta.

— Se você fizer algo sobre a atitude dos seus homens comigo, eu posso considerar. — Lembranças dos acontecimentos recentes vieram à minha mente. 

— Então você está sendo rebelde. — Kinn disse com um sorriso.

— É claro! Principalmente com um cuzão egocêntrico igual a você, que nunca escuta ninguém! — falei, cruzando os braços.

— Você me provocou primeiro.

— O que eu fiz pra te provocar? Você ainda nega que o que fez foi errado pra caralho! Eu nunca vou seguir um imbecil como você! — rosnei para Kinn, fazendo ele levantar de onde estava sentado e vir na minha direção.

— Eu tive o suficiente das suas besteiras, Porsche. — Ao terminar de falar, ele me empurrou no sofá e antes que eu pudesse me levantar o filho da puta montou em mim.

— Que porra você tá fazendo?! — tentei o empurrar para longe, mas o desgraçado segurou meus braços nos lados do meu corpo. 

— Punindo você. — Ele abaixou a cabeça próxima ao meu rosto e eu olhei para o lado, fechando meus olhos com força, não sei o que fazer.

O que caralhos esse homem vai fazer comigo?! 

Senti sua respiração quente perto da minha orelha me fazendo estremecer. Tentei me soltar, mas ele só me segurou com mais força. 

Ele passou a ponta do nariz por minha bochecha e pescoço, quando achei que ele fosse parar, o filho da puta começou a distribuir beijos pela minha garganta.

Senti arrepios por todo meu corpo, enquanto o som da respiração dele se misturava com a minha.

— O que você está… Fazendo? Me solta! — Estava começando a me sentir confuso, mas Kinn nem mesmo mudou de posição. Ele continuou a beijar meu pescoço, sem deixar nenhuma parte intocada.

Soltei um suspiro quando ele começou a chupar minha clavícula, o desgraçado não parou até meu pescoço estar todo molhando com saliva. 

O som de sua respiração causava arrepios em meu corpo, eu não conseguia mais pensar direito, meus pensamentos eram uma bagunça quando de repente senti uma dor aguda no lado da minha garganta.

— Caralho! Isso doí, Kinn! — Ele me mordeu por um bom tempo, tentei o empurrar mas ele só enfiou seus dentes com mais força. — KIIINN!! — Eu gritei e o desgraçado me soltou ficando em pé, eu fiz o mesmo.

Imediatamente coloquei minha mão no pescoço sentindo uma dor fina quando minha mão tocou onde ele tinha mordido, me dando conta que estava sangrando. 

— Que porra você está fazendo? Virou cachorro por acaso?! — falei surpreso, Kinn sorriu de canto indo para mesa dele.

— Apenas te dei o gosto do seu próprio remédio.

Unindo corações através de histórias — Obrigado por explorar o mundo do BL conosco.

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