Kinn
Olhando pelo espelho, vi uma marca de mordida no meu pescoço quase perto da minha orelha. Podia ver pequenas marcas de sangue cercadas por cores bem fraquinhas de amarelo e roxo.
Inclinei minha cabeça para Big, um dos meus guardas de confiança, ele estava limpando o machucado com um algodão enquanto reclamava.
— Tem certeza de que vai deixar alguém como Porsche ser seu guarda costas, senhor Kinn? — Big perguntou. — Mal posso esperar para caçar e matar aquele bastardo amanhã. Como ele se atreve a fazer isso com você?
— Meu pai vai te matar primeiro se você fizer isso. — respondi, virando a cabeça para o outro lado.
— Ainda assim, ele te ofendendo desse jeito está me matando. Ele te deixou em um lugar aleatório duas vezes e agora lhe mordeu no pescoço, como você vai controlar uma fera como ele — Big continuou resmungando até eu o olhar com uma cara que o fez calar a boca, ele voltou a limpar o ferimento no meu pescoço.
Na verdade, não sou eu quem quero aquele imbecil como meu guarda costas, mas o meu pai. Ele assistiu às gravações da câmera de segurança de trás do bar para ir atrás dos homens que me sequestraram e me torturaram por três dias, mas ao invés disso achou o moleque com habilidades de luta excepcionais e fascinantes.
Aquele que me salvou duas vezes seguidas, mas é claro que ele não se voluntariou de livre e espontânea vontade para isso, eu tive que pagar para ele com um dos meus relógios mais caros.
— Vá e o encontre ou então nossos inimigos vão conseguir te pegar, se ele cair nas mãos erradas nós estaremos com problemas. — As palavras do meu pai ficaram em minha cabeça, ele está certo, com aqueles socos e corpo ágil, até o maior daqueles bandidos não era páreo para ele.
Os corpos dos homens da gangue estavam empilhados em uma montanha de sangue, com partes dos corpos deslocados. Era uma visão a se contemplar. No meu caso, quero achar ele rápido para me vingar do que ele fez no meu pescoço, aquele filho da puta!
Ninguém nunca tinha feito algo assim comigo!
— Qual dos seus parceiros foi selvagem o suficiente para fazer esse estrago? — Mew gargalhou na minha cara enquanto eu sentava entre meus homens no prédio da universidade.
— Vai se foder! — Eu disse para ele com raiva.
Normalmente, eu dirijo sozinho para a universidade, mas não é seguro, então meus subordinados vieram comigo para que eu pudesse ter minhas aulas em segurança.
— Depois da escola, estarei esperando no mesmo lugar de sempre. — Big disse pronto para voltar e ir embora.
— Bem, não esqueça de ir ao endereço que te dei, Jom é o nome! — Repeti para ele mais uma vez antes deles virarem as costas e irem embora.
— Que caralhos é tudo isso? — Ai Tae virou para mim.
— Meu pai me pediu para procurar uma pessoa.
— Problemas com a segunda família de novo? Você sumiu por três dias, não me diga que foi sequestrado outra vez? — Ele agarrou meu rosto virando minha cabeça para os lados, checando os machucados pelo meu pescoço.
— Sim, mas a pessoa que estou atrás não pertence a segunda família, é o cara que fez isso em mim. — Cerrei meus dentes em frustração e com calma tirei o curativo do meu pescoço para mostrar a cicatriz, escutei seus suspiros.
— Porra! — Time, Tae e Mew disseram ao mesmo tempo.
Essa manhã eu estava com muita dor por causa da ferida que durante todo o tempo estava pinicando, o ódio que sinto por aquele imbecil é infinito. Eu não ligo se ele vai aceitar ser meu guarda-costas ou não, o pensamento de bater nele é a única coisa que me motiva.
Eu disse para os meus amigos sobre todo o incidente, eles eram meus únicos amigos desde o ensino médio, então eles sabiam tudo sobre mim. Eu não sou bom em fazer novas amizades, vários dos meus colegas tinham medo de se aproximar de mim por causa da reputação do meu pai. Eles me olhavam com desprezo e às vezes eles já me odiava sem nem mesmo saberem o motivo.
— Você conhece algum Jom da faculdade de ciências? — perguntei para Mew.
Foi sorte aquele cuzão estar vestido com o uniforme da faculdade com nome do curso bordado.
— Não, não acho que conheço ninguém com esse nome. — Ele olhou de Tae para Time. Os dois namorados trocaram olhares.
É, eu poderia perguntar a qualquer pessoa, menos a Mew. Ele é um daqueles alunos inteligentes que não perdem nem um dia de aula, sempre um estudante exemplar, eu nem lembro de como nos tornamos amigos. Ele é aquele que me ajuda quando não posso ir à universidade por causa dos assuntos da máfia. Ao contrário de Tae e Time que não sabem fazer outra coisa que não seja flertar como um casal recém casado, o que me irrita às vezes.
— Vamos, as folhas do exame estão sendo distribuídas, nós temos que fazer isso logo, só então podemos te ajudar a procurar quem quer que seja a pessoa que esteja procurando.
Depois da aula, nós três, tirando Mew que disse precisar ir na biblioteca primeiro, fomos para a faculdade de ciências. Era a minha primeira vez visitando aquela faculdade, eu não tinha a menor ideia de onde começar a procurar até que…
— Ei, P'Time, o que você está fazendo aqui? — Um estudante vestindo o uniforme de ciência do esporte nos viu e se aproximou.
— Oh, Min! Que sorte! Vem aqui, preciso te perguntar uma coisa. — Time passou o braço nos ombros do recém chegado o fazendo se encolher surpreso.
— Por que vocês têm que ficar tão grudados? — Tae disse com uma voz sombria, agarrando com força a bainha da camisa de Time.
— Amor, não precisa ficar com ciúmes, nós nos conhecemos, o pai dele trabalha pra gente. — Time sorriu para o namorado tentando o acalmar, até que a carranca dele se transformou em um sorriso e Tae acenou devagar.
— Então, o que um grupo tão famoso faz por aqui? — Min perguntou olhando para mim.
— Nós estamos procurando alguém chamado Jom, você conhece ele?
— Bem, eu conheço uma pessoa com esse nome, mas não sei onde ele está agora. Por que? Para que vocês precisam dele?
— Vamos apenas dizer que estamos aqui para coletar uma dívida.
— Oh, eu, ah, não sei onde ele está, mas eu vi Tem mais cedo no elevador, eles são amigos. Eles não estavam juntos, mas a essa hora eles já devem ter ido pra casa.
— Okay, se você cruzar com ele por aí, por favor, diga que tem alguém procurando por ele.
— Ei, Min! Vamos! — Um cara chamado Aom caminhou em nossa direção para pegar Min.
— Okay, eu tenho que ir agora, tchau.
Com isso, Min foi embora e nós fomos até a casa de Jom ver se ele estava lá ou não.
A coisa que eu estou pensando é: ninguém na vizinhança conhece esse tal de Jom, a senhora da casa do lado disse que a casa está abandonada há um tempo.
Estávamos apenas rondando os arredores da casa quando meu celular tocou.
— Sim, pai, estou indo. — Respirei fundo ao colocar meu celular no bolso e olhei para a casa vazia sem sinal de vida.
Eu vou te achar bastardo!
Meu pai ligou pedindo para que eu me apressasse e voltasse para casa, parece que teremos convidados importantes e ele quer que eu me junte a eles. Por agora, vou desistir de procurar por aquele idiota, mas uma coisa eu prometo, assim que eu terminar meus negócios, vou continuar caçando ele.
Apenas espere, Jom, estou indo te pegar.
•••
— Obrigado, Khun Wichian. — Depois do nosso jantar com os convidados importantes, eu os acompanhei até a porta.
Então eu e todos os meus subordinados fomos chamados para uma reunião urgente no salão principal, na nossa sala de estar, fazendo alguns dos meus homens tremerem em pânico.
— Isso não importa para vocês, importa? — Meu pai gritou, seguido por um baque alto na mesa, fazendo vários guardas pularem de medo. — Só neste mês, Kinn foi atacado duas vezes, sequestrado uma vez e Kim estava sendo seguido. Vocês acham que isso é uma piada?
A voz sombria continuou enquanto suas mãos acendiam um cigarro, inalando e depois soltando a fumaça no ar. Olhei para meu pai que estava tremendamente bravo, mas estava tentando a todo custo manter o controle.
A sala ficou em silêncio, todos os nossos subordinados abaixaram a cabeça devagar sem se atreverem a olhar para cima. Eu apenas sentei no sofá branco tomando um pouco de água naquela atmosfera tensa.
Estou acostumado com isso, já que esse tipo de coisa acontece frequentemente.
— Vocês são todos guarda-costas dele e ainda assim deixam isso acontecer repetidas vezes?
Eu entendo meu pai estar enfurecido, ele também deve estar estressado sobre seus parceiros esse mês. Enquanto eu era pego, meu irmão mais velho Khun e o mais novo Kim não estavam muito diferentes. Quando algo traumático acontece várias vezes, você termina se acostumando a ser sequestrado e não liga muito para isso. Para alguém que já foi sequestrado mais de dez vezes na vida, é meio óbvio que você venha a enlouquecer.
— Pete! Como o chefe dos guardas do meu filho, responda-me! Por que isso aconteceu? O que você planeja fazer depois do que aconteceu? — Cabeças viraram para olhar Pete, cujo rosto estava vermelho, assim como o dos outros. Marcas de dedos estavam por todo seu rosto, os dedos do meu pai.
Como esperado, eles foram castigados mais cedo.
— Me desculpe, senhor, eu irei tentar meu melhor na próxima vez. — A voz firme de Pete veio silenciosa.
— Estou cansado de ouvir suas desculpas! Olhe os machucados no meu filho, isso inclui suas lesões, bastardo! — Mesmo que nós soubéssemos que eles não queriam que isso acontecesse, eles continuavam dando nos nervos do meu pai não fazendo o trabalho deles direito.
Definitivamente não eram os concorrentes ou os devedores que fizeram uma manobra tão ousada. Nós sabemos que eles não têm essa coragem toda em atacar o filho da máfia. Nós apenas sabemos que é alguém próximo.
Meu pai não pode fazer nada pois não tem provas o suficiente, os parceiros do meu pai ou "parentes", como eles gostam de se chamar, a segunda família. Nosso clã é chamado de família principal, a família vem fazendo negócios por muito tempo.
Meu avô teve três filhos, ao filho mais velho, meu pai, foi dado às ações do cassino e o mercado imobiliário para expandir, enquanto os outros dois irmãos Jekkant e Ku Kim ficaram como vice-presidentes. Causando rivalidade por poder, até a próxima geração de crianças.
— Eu sinto muito, senhor, mas nós tentamos reunir evidências como você pediu e encontramos que a segunda família está sempre contratando bandidos para nos machucar. — Big tentou explicar.
— Você está tentando dizer que somos mais estúpidos que eles?
Big abaixou a cabeça e engoliu todos os xingamentos.
— Não é que não possamos fazer nada, encontrar evidências contra Jekkant e nos livrarmos dele.
Eu não quero me envolver nesse ciclo de atacar e buscar vingança sem fim.
— No futuro, se algo acontecer a qualquer um dos meus filhos, eu vou demitir todos vocês! — Meu pai gritou antes de se virar e olhar para mim. — Kinn, o que aconteceu com a pessoa que eu pedi para procurar? — Eu balancei minha cabeça em resposta, neste momento, meu pai quer pegar o idiota com boas habilidades. — Se apresse, em breve irei abrir um novo cassino e a segunda família não vai ficar apenas olhando.
— Khun Kinn, tem algo em que eu possa te ajudar? Eu não quero o deixar escapar também, ele é muito habilidoso e eu tenho medo de que alguém já tenha o pego. — P'Chan, o secretário do meu pai, falou preocupado. Ele quer me ajudar a encontrar o garoto que me salvou, e provavelmente não vai pensar duas vezes em pagar um valor alto para ele.
— Eu vou cuidar disso, P'Chan, só me dê um pouco de tempo. — Eu disse suavemente, ele concordou e continuou olhando para meu pai.
— Ei! Vocês estão se divertindo sem mim? — Uma voz animada cortou o clima tenso, aparecendo na nossa frente, um homem parecido fisicamente idêntico a mim, mesmo que ele seja mais velho que eu por três anos, nós parecemos ter a mesma idade. Talvez seja porque ele está sempre sorrindo, meu irmão mais velho Khun.
— Estou apenas fazendo uma visita. — Digo amargamente, não somos tão próximos, brigamos a maioria do tempo, e desde que fui sequestrado por três dias eu não tinha visto meus irmãos.
— Você pode pelo menos falar de modo civilizado? — Meu pai teve que se meter, antes que pulássemos um no pescoço do outro.
— Que lembrancinha legal você conseguiu. — Ele segurou meu rosto por baixo do queixo virando minha cabeça para os lados, olhando minhas feridas e machucados. É irritante.
— Só vá para onde você tem que ir e me deixe em paz. — afastei suas mãos.
Ele sorriu de um jeito macabro e andou até o sofá ligando a televisão olhando para ela sem expressão.
Meu pai olhou para Khun balançando a cabeça. Meu irmão está um pouco fora de órbita, mas quem não seria assim depois de ser sequestrado e torturado consecutivamente por dez anos? Era o esperado, já que ele era o primeiro filho, o herdeiro como eles dizem.
— Traga-me aquele bastardo o mais rápido possível. — Meu pai disse de repente, sua voz estava severa e eu não tive coragem de dizer nada, apenas acenei com a cabeça.
— Quem seria esse? — Khun perguntou, seus olhos ainda estavam grudados na televisão.
— Estamos procurando um novo guarda costas para o Kinn. — Meu pai respondeu.
— E eu? — Khun se virou para olhar para ele e para mim.
— O que você está dizendo? Você já tem Pete. — Nosso pai disse olhando para Pete.
— Nah, aquela coisa é estúpida, eu quero uma inteligente. — Ele disse fazendo biquinho revirando os olhos.
— Seja paciente com ele se algo acontecer novamente, eu vou encontrar um novo.
E essa é a mais pura evidência de que meu irmão mais velho é o mais mimado dessa casa. Todo mundo acha que ser o mais novo te dar os benefícios de ser uma criança mimada, mas não, esse clã é diferente, não tem ninguém mais cara de pau que meu irmão mais velho, que parece mais louco a cada dia que passa.
— E sobre os meus? — Outra voz foi ouvida e mais uma réplica minha apareceu, Kim, meu irmão mais novo.
— Onde diabos você esteve? — Perguntei apontando para ele.
— Lembrei o caminho de casa. — Ele deu sorrisinho de lado.
Mas é verdade que Kim raramente fica em casa, ele nunca está. Ele pode ter sido sequestrado por meses e ninguém nessa casa iria saber que ele estava desaparecido.
— Parece que vai chover, todos os meus filhos reunidos em casa. — Nosso pai comentou, posso sentir a felicidade em sua voz mesmo que ele nunca demonstre.
— E o que te fez voltar? Achei que Khun e eu éramos os únicos filhos aqui. — Eu o provoquei um pouco.
— Pai, escute seu segundo filho! Como ele pode falar comigo assim? — Kim apontou para mim.
— Eu já estou cansado de vocês, parem com isso. — Nosso pai respirou fundo pegando o controle remoto mudando os canais sem parar até encontrar algo para focar que não fosse nossa briguinha besta. — É bom vocês estarem todos reunidos aqui hoje, amanhã venham para a fábrica, verifiquem suas contas.
— Por que? Seus secretários não são o suficiente? — Eu disse, como todos nós sabemos, nosso pai tem mais de um secretário.
— Vocês vão ser os donos da fábrica no futuro, não querem saber como as coisas funcionam? Especialmente você, Kim, aprenda a dormir em casa. — Depois de dizer isso, nosso pai saiu da sala nos deixando à beira de pular um na garganta do outro.
— Porra, eu não devia ter voltado. — Kim xingou em um suspiro.
— Sim, não deveria, é tudo sua culpa. — Khun respondeu.
— Você é o mais velho e continua tendo benefícios, deveria ser só você ajudando nosso pai a cuidar dos negócios. — Kim estava irritado.
— Ohoi, cala a boca, eu tenho ajudado muito nosso pai enquanto você está brincando por aí.
Eu apenas balancei a cabeça em negação, não posso acreditar que esses dois são meus irmãos. Inúmeras vezes fui confundido como o mais velho por causa da imaturidade deles. Khun já se graduou em administração de empresas e ajudou nosso pai com os negócios por dois anos até que ele ficou de repouso por ter sido sequestrado pela décima vez.
Já o Kim, ele também estudava administração de empresas, mas em uma universidade diferente da minha, nós não o perguntamos sobre a escola, enquanto ele estiver tirando boas notas está tudo bem.
Eu saí do meio daquela guerra voltando a falar com meus subordinados sobre a caçada que estamos fazendo.
No outro dia, fui informado que não tinha nenhum Jom morando naquela vizinhança que estávamos espionando, eu estava realmente irritado.
— Realmente, senhor Kinn, nós ficamos no The Root a noite toda, mas as pessoas de lá disseram que não tinha ninguém chamado Jom trabalhando ali, e ele também não apareceu noite passada. — Big disse frustrado, eu olhava para a televisão em branco sentado no meu escritório.
Então lembrei, eu tenho o número dele não é? Levantei rápido e corri de encontro ao meu pai.
— Pai, me empreste seu celular. — Eu disse, já pegando seu celular em cima da mesa e dando uma olhada nele, peguei o número que precisava e fui embora antes que ele pudesse reagir.
— Ei, o que aconteceu? — Ele perguntou, quando eu já estava saindo.
— Estou indo caçar, pai, assim como me pediu.
— O que? Você não achou ele ainda? Já fazem dias! — Seus olhos se arregalaram em choque.
— Ele não é um cara comum pai, eu tenho que ir agora, tchau. — Saí sem ouvir sua resposta.
Eu imediatamente liguei para o número que peguei do celular do velhote e esperei um pouco até que alguém atendeu e eu ouvi uma voz familiar.
"Alô?"
— Alô. — Eu respondi de maneira suave, com um sorriso triunfante brincando nos cantos da minha boca.
"Quem é?"
— É o Jom? — A ligação foi terminada instantaneamente. Agora eu tenho certeza que meu palpite estava certo, como ele se atreve a me fazer de besta?
— Big, vá pegar Jom, um estudante do segundo ano de ciência do esporte. — Um cenário passava na minha cabeça. Ninguém me faz de idiota, eu sou Kinn!
•••
Deixei que meus subordinados o caçassem desta vez enquanto eu ia com Khun e Kim visitarmos a fábrica. Os dois dormiram durante toda a viagem, talvez estivessem tentando diminuir as brigas na presença do nosso pai, nós estávamos em uma van luxuosa com ele.
Ficamos de frente para a fábrica de chocolate, uma subsidiária dos TEERAPUNYAKUN. A fábrica teve sua programação encerrada, por seus lucros baixos desde a abertura. Mas nosso pai se esforçou para fazer isso funcionar, porque essa casa de doces é bem próxima a seu coração, assim como a logo na embalagem de três garotinhos simbolizando seus três filhos.
Nós andamos em nossos ternos pretos, parecendo os filhos do dono, no entanto, eu fui ver o departamento de contabilidade primeiro, olhando os arquivos de vendas e despesas, depois visitei o departamento de produção. Não vejo nenhuma melhora nas vendas, mas não era ruim também.
Essa fábrica de chocolate é o negócio mais limpo da família. Apesar de ter o casino, nós comandamos várias coisas ilegais como transferência de armas, armas ilegais e sites de apostas. Mas isso estava no comando do meu pai, eu não tinha intenção de cuidar dessas coisas, a fábrica de chocolate era o suficiente para mim.
— Quando terminarmos de comer, você pode pedir para um dos seus subordinados me pegar? Eu tenho que ir para um lugar e meus homens estão todos em missão. — Eu pedi a Khun, que me olhou curioso.
— Por que? Para onde você vai? — Ele perguntou.
— Só vou cuidar de um rato. — Sorri.
Mais tarde, Pete parou na frente do prédio com uma van preta Hyundai.
— Vamos comer no Vanista, a vista de lá é magnífica. — disse Khun sentando como uma criança de três anos agitada.
Vanista é um dos melhores restaurantes do país, os preços da comida oferecida estão em paralelos com a alta posição do prédio, lá em cima.
Assim que saímos do carro, Kuhn correu para fora, meu olhos o seguiram para onde ele estava ainda e fui atrás dele, Kim andava rápido atrás de mim.
— A segunda família. — Khun falou assim que parou na frente de dois rostos conhecidos. Vegas e o irmão mais novo, Macau.
— Olá, segundo irmão. — Macau me cumprimentou.
— Eu cheguei aqui primeiro e você só cumprimenta o Kinn? — Khun reclamou, revirando os olhos.
— Sim, segundo irmão? Você veio aqui para comer? — Ele perguntou para mim.
Não é novidade para ninguém que ele é apenas educado comigo, enquanto Vegas e Kim estão sempre brigando, eu e Macau nunca entramos na briga da família.
— Sim. — Eu respondi.
— Kim, você não pode ir para outro lugar? Este lugar parece assustador e de repente a atmosfera ficou ruim. — Vegas zombou de Kim que definitivamente não iria ficar quieto.
— Irmão, você fala demais, Kinn e Macau estavam conversando agradavelmente até você abrir a boca e estragar o humor do lugar. — Kim retornou a zombaria. — Sua família realmente sabe como ensinar boas maneiras as suas crianças.
— E a família principal sabe? — Vegas não iria parar sem lutar.
— Ei, é o suficiente. — Fiquei entre eles tentando impedir que começassem uma guerra.
— Por que eu não posso cumprimentá-los? — Khun perguntou, ficando irritado, pronto para se juntar a briga.
— Vamos. — Agarrei meus irmãos pelos braços os tirando daquele lugar, eles não tinham a intenção de parar com aquilo tão cedo.
— Irmão, eu tenho que comprar um tapador de boca para você também. — Escutei Macau reclamar com o irmão.
Escolhi comer em um simples restaurante japonês, empurrei meus irmãos em seus acentos e sentei de frente para eles.
— Por que você nos parou? — Khun virou para me xingar.
— Vocês estavam começando uma briga, não é bom para o clã.
— Mas ele que começou!
O mimadinho cruzou os braços em irritação, sua arrogância era culpa do nosso pai por deixar que ele agisse assim. A falta de uma mãe o fez ainda pior, Eu nem consigo ter ciúmes de como nosso pai apenas o ama tanto.
— E quantos anos você tem para cair nas armadilhas deles?
Eu sei que a segunda família estava esperando uma chance de nos atacar e eles faziam isso irritando meus irmãos primeiro.
— Você é meu irmão ou deles? — Khun ainda fazia beicinho, mas eu não prestei atenção.
— Eu posso ser os dois se isso significa que vocês não vão se machucar.
Nós três comemos em silêncio, depois andamos um pouco pelo shopping com os guarda-costas nos seguindo de uma certa distância segurando nossas sacolas e outras coisas.
Enquanto meus irmãos escolhiam um relógio de milhões de dólares, tive a visão de uma horda de pessoas vindo em nossa direção.
— Senhor! Por favor, me ajude! — Um homem de meia idade em uma camisa suja gritou alto. Seu corpo machucado escapou facilmente dos guardas atordoados agarrando meu braço.
Mas os guardas ganharam consciência e seguraram o homem, fiz uma careta olhando-o ser levado para longe, nós três ficamos parados em choque.
— Senhor! Me escute, eu te imploro, me solte senhor! — Seus olhos estavam sem foco enquanto ele tentava se soltar do aperto forte dos guardas.
— Soltem ele. — Eu disse, meu homens olharam para mim antes de soltá-lo.
Ele olhou aliviado, seus olhos que estavam cheios de esperanças se voltaram para mim, e se preparando para vir em minha direção novamente ele foi parado pelos meus homens.
— Fale daí, não se aproxime.
— Eu conheço você, fale com seu pai por mim. — Minha testa franziu em confusão. Talvez eu deveria apenas o ignorar, ele parecia ser só um velho louco.
— Você pegou o homem errado, Tio. Esse é o AnaKinn. — Kim gargalhou alto, o homem pensava que eu era Khun, o mais velho.
— Vocês três não podem me ajudar? Meu nome é Thi, eu costumava trabalhar para o pai de vocês dez anos atrás, mas agora estou devendo a ele.
— Você o deve pelas apostas certo? — Era sempre a mesma história.
— Mas eu era um companheiro de longa data do seu pai. — Ele tentou achar uma resposta.
— Aqui, estou pagando por isso. — Pelo relógio eu quis dizer, não a dívida. Dei meu cartão para um funcionário passar.
— Mas eu lhe devo cinco milhões, ele disse que eu tenho três dias para pagar.
— Você vai ser morto e jogado no mar. — Sorri, me divertindo com o terror no rosto do homem.
Virei minha atenção para o relógio caro que compramos, embora esse tipo de coisa não tenha acontecido ainda, eu conheço meu pai. Não vai demorar muito para essa cena acontecer na vida real.
— Você percebe? Não é possível pagar em três dias, eu vou pagar minha dívida, mas preciso de mais tempo, por favor. Por favor, me ajude, fale com seu pai por mim.
— Eu quero comer sorvete, vocês vão na frente. — Eu disse para os meus irmãos, antes de me virar e ignorar o homem que tentou me seguir, mas foi parado pelos meus homens.
Quando se trata do casino nós três nunca intervimos, nosso pai sabe melhor o que fazer.
— Senhor, por favor, me ajude! — O homem gritou.
Esses tipos de pessoas acham que podem conseguir lidar com nosso pai se vierem falar com a gente primeiro, mas eles estão errados. Então por que eles não fogem? Oh, eles não podem. Não importa onde eles se escondam meu pai vai os achar.
Fiz uma pequena caminhada até a hora de voltar, cheguei na frente do shopping esperando minha carona para casa, mas meu olhos focaram em uma figura familiar. A mesma que a do homem que pediu ajuda mais cedo.
Quando vi a moto estacionada e o homem velho sendo arrastado pelo cara que estou caçando há alguns dias se aproximando da moto, cerrei meus olhos abrindo um sorriso quando a figura que eu estava olhando ficou totalmente à vista, tive certeza do que fazer.
Os dois subiram na moto e foram embora. Ah, quando se tem sorte do nada o que se deve fazer?