Porsche
Olhei para os documentos à minha frente, lendo cada palavra junto a o homem mais velho com expressão calma no rosto e a figura alta de Kinn, que estava sentado de pernas cruzadas, franzindo a testa para mim. Eu vi isso e me segurei para não ir até ele e furar seus olhos.
Eu queria pegar o vaso que estava em cima da mesa, jogar na cabeça dele e ver se ele conseguiria sobreviver.
Nesse momento, estou sendo hipnotizado por uma oferta tentadora feita por um homem de meia idade com personalidade e palavras convincentes. Em uma primeira impressão, percebi que esse homem é um grande empresário. Khun Korn, ou simplesmente, pai do Kinn, conseguiu me convencer com sucesso, durante a noite eu estava no mesmo lugar novamente.
Uma casa enorme com inúmeros guardas enfileirados por todo canto, a casa era luxuosamente decorada, o que deixa qualquer um saber que esse nível de luxo pertence a algum dono de cassino ou um comerciante nacional, o que seria mais adequado ao meu ver.
— Se você concorda, pode assinar.
A mensagem no papel incluía o seguro de que se eu morresse, listava quem iria receber o dinheiro do seguro. Ler essa página me deixou tonto, o que eu deveria fazer? Haviam várias regras e regulações, tanto para sair ou entrar na casa.
Inspeção de armas
• No mínimo um ano de trabalho, se o contrato for quebrado você estará sujeito a pagar 200,000 bath.
• A cada mês você pode tirar dois dias de folga, e seus dias de trabalho são cinco dias por semana.
• Você pode escolher os dias, mas isso é um problema seu.
— Sobre os dias de trabalho, eu ainda sou um estudante, então não posso trabalhar todos os dias. — Eu disse baixinho, apontando com a caneta onde eu não conseguiria cumprir com o combinado.
— Não é um problema, você pode ficar no turno da noite.
— Posso escolher o turno também? — Meus olhos se arregalaram em surpresa.
— Temos guardas 24 horas por dia, 7 dias na semana, o turno do dia vai das seis da manhã até às seis da noite e o turno da noite vai das 6 da noite até as 6 da manhã. — Khun Korn me explicou.
Que loucura! Eu vou ser um guarda-costas ou um funcionário dessas lojinhas 24 horas?
Eu posso mudar de turno e ficar de guarda até quando o Kinn está dormindo, porque alguém pode tentar matar ele. Isso é demais!
— Mas se eu ficar com o turno da noite e tenho aula pela manhã, quando vou conseguir dormir? — perguntei honestamente, eu não sou o homem de ferro, sou um cara normal que precisa dormir. Eu quero poder descansar também.
— Parece que alguém está inventando desculpas. — Kinn disse irritado.
— Você consegue, se não puder apenas me fale.
— Tem certeza que não consegue? — Kinn disse para mim.
— Você trabalhava em um clube noturno? — Khun Korn me perguntou.
— Era apenas das oito da noite até às duas da madrugada. Eu fechava o clube, ia para casa dormir e depois tinha aula pela manhã. Além disso, eu trabalho para a Jade da quinta ao domingo, os restos dos dias eu fico em casa descansando.
— Quais dias você vai para a faculdade pela manhã?
— Segunda, terça, quarta, quinta e sexta à tarde. — respondi um pouco mais educado, por me sentir estranho perto desse homem.
O que estou dizendo é o meu tempo atual de estudo. Meus horários estão cheios e pode se dizer que meus dias de folga são apenas sábado e domingo. E de segunda a quarta estou ocupado da manhã até a noite.
— Então trabalhe de quinta a domingo.
— Pai. — Kinn disse em voz baixa olhando para o pai. — Por que você está lhe dando tanta liberdade de escolha? — E seus protestos continuaram, seus olhos ferozes me encararam e tudo que fiz foi virar o rosto para o outro lado.
— Escute primeiro, nos sábados e domingos peço que trabalhe das dez da manhã até meia noite, pense nisso como uma mudança de seus outros dias de trabalho.
Eu continuo pensando e calculando o tempo, tentando entender se isso me beneficia ou não, pensando sobre os benefícios de trabalhar no turno da noite que pode me deixar mais confortável.
E também porque penso que o idiota do Kinn não vai sair muito a noite.
— Continua pensando?
— E quais são meus deveres como guarda-costas? — Ainda estou tentando entender o que eu deveria fazer como guarda-costas. O seguir como uma sombra com uma cara de bravo encarando todo mundo que se aproxima ou eu tenho ficar seguindo ele o dia todo?
— Você apenas tem que seguir Khun Kinn para todos os lugares para que ele não se machuque, mas se Khun Kinn estiver em casa, você pode ajudar a facilitar seus negócios. — disse o secretário, mas porque isso soa tão esquisito?
— Facilitar para ele?
— Por exemplo, checar documentos da empresa, preparar o que ele quiser comer, e preparar as roupas que ele vai usar e também o ajudar a estudar.
— Eu tenho que estudar mais? Mas, espera, esse trabalho está muito além da minha idade. — murmurei para mim mesmo, me dando conta do que foi dito. Só de seguir o Kinn como um guarda-costas era embaraçoso o suficiente, mas a última coisa que ele disse. Esse povo enlouqueceu de vez?
— Isso é o que os guarda-costas fazem? Isso não é demais? — falei o que tinha na minha cabeça e Khun Korn sorriu. O secretário olhou feio para mim, como se o que disse fosse inapropriado.
— Para mim chega! Deixe ele ir, pai, esse bastardo já está me dando nos nervos. — exclamou Kinn com seu rosto sombrio virando para falar com o pai.
— Perfeito! Como se alguém quisesse estar com você! — Eu disse e ele se virou me olhando com o rosto sério, mas eu nem me incomodei. Coloquei a caneta na mesa, cruzei meus braços e olhei para ele.
— Estou ficando com dor de cabeça. — Khun Korn disse respirando fundo. — Eu disse aquilo porque você pediu para ser o chefe dos guarda-costas e para ser o líder você tem que estar perto e sempre do lado dele fazendo coisas para o ajudar.
Merda! Estou começando a pensar que essa coisa de máfia é uma grande palhaçada. Porque eu tenho que fazer tudo? Se ele espera que eu faça todas essas coisas, é melhor nem pensar que vou voltar.
— Não é tão difícil, o principal de tudo é manter Khun Kinn em segurança, o resto será cuidado de acordo.
— E o que é o "resto" que "será cuidado de acordo"? — Tenho um mau pressentimento sobre isso, parece que alguma coisa está sendo encoberta e eles estão usando a palavra guarda-costas para me enganar. Tenho pensado nisso por um tempo.
A atmosfera da sala estava tensa, vários olhos me encaravam, exceto o ridículo do Kinn, que olhava para a parede.
— A escritura da propriedade e os documentos de hipoteca. — Olhei para o secretário no canto da mesa que segurava uma pilha de papel os colocando na minha frente. — Se você concordar com tudo, Khun Korn vai cancelar a transferência e os entregar para você.
Admito que tudo isso é muito tentador. Olhei para os documentos e o contrato de guarda-costas, parando para pensar por um momento. Respirando fundo, levei devagar a ponta da caneta até o papel e assinei o contrato.
Cerrei os dentes rezando em silêncio para que a decisão que fiz fosse a certa, olhei para Khun Korn e o secretário que sorriam, Khun Korn assinou os documentos e os carimbou para logo em seguida dar todos eles para mim. O certificado de propriedade voltou para mim e um pensamento me ocorreu. Se eu ignorar o contrato agora, ele vai me matar?
Isso veio à minha mente quando Khun Korn pegou os documentos que eu tinha acabado de assinar para dar uma olhada neles.
— Phachara significa diamante, certo? Bom nome, boa fisionomia. — Khun Korn olhou para o papel, antes de olhar para mim.
— Você é um adivinho? — Eu falei em voz alta sem querer, mas em um tom de voz calmo para combinar com a minha cara de idiota, o que fez todos na sala olharem para mim como se eu tivesse cometido um erro.
Ei, eu estou só perguntando.
— Cuidado como fala, Khun Korn é o chefe, você tem que aprender a ser mais respeitoso.
O que tem de errado com esse secretário? Porque ele fica me encarando desse jeito? Ele é um anjo da morte?
— Que se dane isso, comece a trabalhar amanhã. — Khun Korn disse com um sorriso.
— An? Amanhã? Não é muito cedo? — protestei.
— Está esperando seu pai cortar a fita? — a voz de Kinn me interrompeu com um tom irritado, ele bufou e me encarou com aqueles olhos ferozes de antes.
Eu retiro tudo que disse antes sobre ele ser bonito, porque para mim, agora ele parece mais um demônio com dois chifres crescendo na cabeça.
— Porra! — falei em voz baixa, enquanto meus olhos olhavam afiados para ele.
— Chan, leve-o para olhar o quarto que ele vai ficar, eu estou com dor de cabeça e estou indo descansar.
Engoli todas as perguntas que eu tinha quando Khun Korn andou para fora da sala assim que terminou de falar, incluindo Kinn, ficando apenas o homem chamado Chan. Julgando pelo seu rosto, ele deve ser mais velho que eu, sem sombra de dúvidas, com isso acelerei o passo seguindo-o.
— Para onde está me levando? — segurei a escritura da minha casa contra meu corpo, com meus pés o seguindo rápido. Essa casa é enorme, há um hall de entrada, sala de jantar, uma área de trabalho e por aí vai. Nós já estamos andando por um tempo e eu não via sinal de um fim.
— Vou te levar para seu quarto. — Ele parou de andar, virando o rosto para mim.
— Que quarto?
— O seu quarto.
— Isso é realmente necessário? Eu vou voltar pra minha casa. Não posso vir para cá e ir pra casa de acordo com meus horários? — Estava ficando cada vez mais estranho com eles preparando um quarto para mim como se eu tivesse que ficar aqui. Eles são um bando de vigaristas? Alguém claramente me enganou com a palavra guarda-costas.
— Tem várias pessoas aqui, quando você fizer a troca no turno da manhã você pode ir estudar com Khun Kinn, ele precisa de ajuda e você sabe as aulas dele.
— E quem disse que eu faria isso? — Imediatamente protestei.
— Você está na mesma faculdade que Khun Kinn, não está?
— Eu não sei. — Sim, claro, mas porque eu faria isso?
— É isso, você dorme aqui durante a semana e não se meta em problemas tão cedo, as pessoas aqui gostam de paz e silêncio.
P'Chan olhou para mim me encarando, para o inferno todos vocês, eu não vou deixar ninguém me olhar desse jeito. Isso é uma casa ou uma prisão? Por que eles são tão mandões?
— Mas nos dias em que eu não estiver trabalhando, não vou dormir aqui.
— Tanto faz. — Ele disse com cara de nada, o que me irritou profundamente.
Quero tacar uma bomba na cara dele!
— P'Chan, pra onde você está indo? — Eu estava prestes a reclamar porque eu não conseguia parar de protestar em minha cabeça, mas tive que parar. Eu e minha boca grande.
— Khun. — Sem olhar para mim, o secretário arrogante abaixou a cabeça, fazendo a pessoa vestida em um roupão sorrir diretamente para mim, me olhando de um jeito suspeito. Pensei estar vendo um gêmeo do Kinn, se você olhar ele de longe, parece até normal, mas estamos juntos a segundos e eu já posso sentir que tem algo de errado com ele.
— Quem é esse? — O recém chegado perguntou apontando o dedo em minha direção, sua aparência era bem polida com seus guarda-costas o seguindo logo atrás, carrancudos.
— O novo chefe dos guarda-costas de Kinn, esse é Porsche. Ele representa seu irmão mais novo, Khun Kinn. — Chan respondeu.
Levantei minhas sobrancelhas, olhando para a pessoa na minha frente. Sabia que eles são irmãos, ele tem a mesma cara de louco do Kinn.
— Wow, isso é ótimo! Você tem uma tatuagem também, parece assustadora! — Ele dizia enquanto cutucava a tatuagem no meu braço, me assustando ao beliscar o lugar. Ele levantou o meu braço perto de seus olhos para olhar cada detalhe da minha tatuagem. — É tão legal! Eu quero uma assim também! Parece tão bonito, deve ser assustador! Gente, vamos fazer amanhã, quero uma assim. Gostei! — Vi os guarda-costas ficarem com expressões assustadas nos rostos, esse louco é realmente algo.
— Khun. — Chan suspirou antes de me levar para longe dali.
Andei pela mansão e encontrei centenas de portas organizadas em uma longa linha, pareciam novas e limpas em madeira clara e escura. Essas pessoas são particularmente boas em escolher coisas bonitas.
P'Chan destrancou o quarto no fim do corredor e abriu a porta, o interior do lugar era espaçoso, parecia um dormitório de estudante com um banheiro pequeno, cama de metal com colchão, mas sem lençóis e travesseiros. Tinha um guarda-roupa usado, mas não parecia gasto e, o mais importante, tinha um ar-condicionado preso a uma das paredes.
— É realmente tão bom aqui? — falei baixinho, eu pensei que fosse ser como em um filme, onde o quarto fosse maltrapilho.
Eu entrei e liguei o ar, coloquei os documentos importantes em cima da cama e fui dar uma olhada pelo lugar.
— Você está com sorte do antigo dono ter um ar-condicionado. — Chan disse.
— E pra onde o dono do quarto foi? — perguntei em voz baixa.
— Morreu. — Fiquei mudo olhando para ele, ele se comportava como se aquilo não fosse nada demais, me deixando dormir no quarto de um defunto!
Porra, eu morro de medo de fantasmas!
Vou tentar esquecer o que Chan disse, já que a atmosfera do quarto não é tão assustadora. De qualquer forma, eu não vou dormir aqui quando estiver de folga. Então não importa muito. Chan me entregou as chaves e disse para que eu fosse para o lado de fora.
— Big! — P'Chan chamou alguém e sorriu para mim, ele se diverte enquanto me irrita? Cada um dos guarda-costas tinha sorrisos em seus rostos, está nas regras fazer essa cara?
— Sim, P'Chan? — Ele se aproximou e olhou para mim, o que me deixou ainda mais irritado, ele foi aquele que ameaçou me matar ontem.
— Você pode levar Porsche para dar uma olhada pela casa? Eu tenho que ir ver o mestre.
— Não, Phi. É melhor mandar outra pessoa. — Ele fez uma cara de nojo olhando para mim, eu me sentia da mesma forma. Eu não ligo se ele não gosta de mim, o sentimento é mútuo.
— Esses são os meus homens? — perguntei cínico, e imediatamente ele voltou a olhar para mim.
— O que está olhando? Porra! — Ele disse em uma voz severa.
— … — Eu não respondi, apenas ri.
— Não fique se achando por ser o novo chefe dos seguranças, eu não vou aceitar. — Ele deu um passo a frente ficando perto de mim, eu não dei para trás e continuei esperando por sua próxima ação. — Pessoas como eu não vão abaixar a cabeça para alguém como você, não fique cheio de si.
— Então, o que você vai fazer sobre isso? — sussurrei, sorrindo de canto de boca.
— Arg! Pessoas como você não pertencem a esse lugar!
— Mas eu estou aqui. — O desafiei com uma expressão fria, fazendo ele se perder um pouco.
— Pessoas como você nunca vão ser leais, confiáveis, um dia você vai trair nosso chefe. Não vou deixar você ficar aqui!
— Então se eu ficar, significa que você morreria de raiva? — Me inclinei para ele falando em um tom irritante, ao ponto que ele não conseguiu se segurar levantando o punho para me socar. — Mas com licença, quem sou eu? Você não sabe ainda? Eu sou a pessoa que o seu chefe quer, como você pode bater no meu rosto tão fácil?
Desviei daquele punho gigante, indo para frente, ficando ainda mais irritado. Ele se preparou para levantar o punho outra vez para começar a me bater, mas eu levantei minha perna o chutando com força, o fazendo bater a mão na parede. Não o deixei se livrar tão facilmente, usei meu pé para lhe chutar o peito colocando ele no lugar dele.
— Merda!
— Não me admira ele querer um novo guarda-costas, você parece um pardal fraquinho. — Assim que terminei de falar ele empurrou minha perna e rudemente tentou me socar outra vez, mas eu segurei seus braços e virei seu corpo até que estivesse com o rosto no chão. Meu joelho descansou ao lado de seu corpo deixando ele se contorcer, peguei um cigarro no meu bolso e o levei até minha boca, acendendo e dando um trago.
— Porra! Sai de cima de mim! Eu definitivamente vou te matar! — Ele gritou.
— Você vai morrer tentando. — segurei seus braços até meu cigarro acabar, joguei o restinho no chão e o soltei. Andei para o lado me preparando para ir para longe daquela distração, talvez ele tenha tomado isso como uma lição.
Mas eu estava errado.
Assim que me afastei o som de seus passos vieram apressados atrás de mim, ao me virar, vi Big segurando um grande pedaço de madeira para me bater, ele parece não ter aprendido com a experiência. O chutei novamente e quando ele caiu dessa vez, eu fui para cima dele.
Soquei o rosto dele até que sangue saísse de sua boca, eu o soquei com toda minha força sem pensar em parar. Eu estava possesso e se não fosse pela voz que me parou, ele teria morrido.
— Pare! O que você está fazendo? — Fui preso por três ou quatro guardas que viram o incidente, eles seguraram meu corpo inteiro, que ainda estava cheio de ódio e Big que estava jogado em algum lugar do chão parecendo um repolho passado no liquidificador.
•••
Uma porta enorme de madeira se abriu, eu e Big fomos levados para o quarto de alguém, não demorei muito para me dar conta de onde estava, quando olhei para a figura alta sentada confortável no sofá com um controle remoto nas mãos.
— Eles estavam brigando, Khun Kinn. — disse um dos guarda-costas, enquanto eu me soltava do aperto dos seus subordinados. Seus olhos estavam imperturbáveis, ele olhou para mim por um momento, mas voltou a olhar para a televisão gigante na frente dele.
— Khun Kinn, ele que começou! — Big gaguejou, fazendo Kinn dar uma olhada. Como o esperado, além de ser um perdedor e praticar bullying, ele também era um psicopata mentiroso X9.
— Você não acabou de começar a trabalhar? Não está cansado de lutar? — Uma voz suave disse, mesmo que seus olhos não estivessem olhando para nós.
— Pardal sem cérebro. — falei olhando para Big que tinha a mão no estômago pela dor.
Eu não tenho medo de nada.
— Merda! — Ele disse em voz baixa e eu continuei a encarar ele.
O som do controle remoto sendo arremessado na mesa de vidro, me fez virar a cabeça para ver de onde o barulho tinha vindo. Kinn se levantou e andou parando na minha frente, eu o olhei indiferente, mas ele continuou me encarando. A imagem de ontem quando ele estava me enforcando tão forte que eu quase morri me veio a cabeça, eu não me atrevo a passar por isso outra vez.
Eu admito que estou com um pouco de medo por seus olhos serem difíceis de ler, sinto meu coração acelerar e quase paro de respirar quando olho para ele.
— Eu não gosto de caos na minha casa e esse não é o lugar onde você pode andar por aí descaradamente.
— Mas eu não fiz, seu homem que me desafiou primeiro.
Kinn não parecia acreditar em mim, ele olhou rápido para Big, mas logo voltou seus olhos na minha direção.
— Se eu te dou um aviso e você não escuta, você sabe qual a punição que eu dou?
Aquela voz calma ressoou ao meu redor, eu engoli em seco quando seu olhar desceu para o meu pescoço ainda avermelhado, a marca de seus dedos estavam tão visíveis quanto a dor que senti.
— …
— Não esqueça onde você está, você tem que escolher as palavras certas para usar comigo.
— Por que eu tenho que escutar isso? — O interrompi imediatamente, Kinn deu um passo à frente e eu rapidamente dei um passo para trás.
— Eu te avisei.
— Se não estiver satisfeito vai me demitir?
— Eu não vou te chutar tão fácil, você tem que ficar até que eu esteja satisfeito. — Ele se aproximou de mim novamente, me senti desconfortável com seus gestos e o modo que me olhou, mas tentei não demonstrar que eu estava com medo.
Então ele abaixou a cabeça perto da minha orelha.
— O que você vai fazer? — perguntei, gaguejando um pouco.
— Amanhã, venha na hora. — Ele sussurrou, Kinn sorriu de canto de boca afastando a cabeça antes que eu engolisse em seco novamente.
— Filho da puta! — olhei para ele, o xingando baixinho. Porra. Eu realmente odeio ele, agindo todo dominante para cima de mim, usando seus olhos para amedrontar os outros, eu não aguento isso.
De repente, lembrei do contrato que assinei. Minha decisão foi certa ou errada?
Retornei para meu quarto para pegar os documentos antes de correr onde deixei minha moto estacionada e fui imediatamente pegar Che no dormitório do meu amigo. Esse era outro problema que eu teria que enfrentar hoje, como vou explicar para o Che a história de como consegui nossa casa? Eu continuo sem saber o que dizer para o meu irmão.
— Ei, como conseguiu nossa casa de volta? — Meu irmão perguntou assim que seus pés tocaram o chão de casa.
— Bem, eu pedi dinheiro emprestado a Jade. — menti.
Neste momento, não estou preparado para contar a verdade, porque se ele descobrir vai ficar irritado. Andei até o interruptor para ligar a luz e começar a arrumar as coisas que estavam espalhadas pela casa.
Desde o dia do incidente que eu não tinha vindo mais aqui.
— Ei. — Che falou em voz baixa, parando atrás de mim com os braços cruzados.
— O que? — continuei fingindo limpar a casa, tentei ignorar porque eu sei que isso vai ser um desastre. — Somos só nós dois vivendo nessa casa agora. — suspirei me abaixando para arrumar.
— Eu sei o quão próximos nós somos, eu sei que o Phi nunca mentiria para mim. — Eu fechei os olhos e respirei fundo antes de olhar para ele.
— … — olhei para o rosto do meu irmãozinho tentando organizar as palavras, pensando em uma desculpa para não me sentir mal pela decisão que fiz.
— Por que? Por que o Phi aceitou aquilo? — Sua voz tremeu e seu rosto mostrava decepção.
— Ummm… Eu aceitei. — limpei minha garganta, aceitando aquilo.
— Por que fez isso? — Ele levantou as mãos segurando as minhas com força.
— Che, eu faço qualquer coisa por você.
— Se você realmente fez isso por mim, Phi, você tem que ouvir o que eu tenho pra dizer. — Os lábios do meu irmão se apertaram e lágrimas rolaram por suas bochechas. Eu vi aquilo e imediatamente me senti culpado, me senti desconfortável. — Somos só nós dois! Se o Phi for trabalhar para eles e algo acontecer com você? Quem vai sobrar pra mim então? — Lágrimas desciam por suas bochechas e meu coração doía com suas palavras.
A pessoa que eu mais amo odeia minha decisão.
— Me desculpe, prometo que ficarei bem. — Eu falei baixinho, levantei minha mão para fazer carinho em sua cabeça mas fui afastado por ele.
— Se algo ruim acontecer com você, eu vou ficar bravo com você e nunca vou te perdoar e eu vou… — Antes que ele pudesse terminar de falar eu o puxei para meus braços.
Che nunca pareceu tão frágil para mim e nunca me mostrou esse tipo de afeição, nós nunca conversamos, nunca estivemos satisfeitos um com o outro, nós nunca tivemos que expressar tantas palavras e sentimos antes. Mas nós dois sabemos o quanto nos amamos e nos importamos um com o outro, porque ele tem apenas a mim e eu a ele nesse mundo.
— Te prometo que não vou morrer tão fácil.
Ele bateu nas minhas costas com força enquanto sua outra mão apertava minha camisa.
— Phi, promete que vai manter sua palavra? — Ele perguntou fraquinho.
Meus ombros estavam molhados com suas lágrimas, enquanto ele chorava baixinho. Eu não queria olhar para ele, tentei suprimir minhas emoções para que ele não soubesse que eu também me sinto fraco e com medo.
— Che, eu nunca vou deixar você. Pode acreditar em mim. — O abracei com mais força, para mostrar a ele meus sentimentos com esse abraço, para deixar ele saber que o que eu disse é verdade. Não vou deixar nada de ruim acontecer comigo, eu vou continuar me defendendo lembrando de Che como minha proteção.
O silêncio se espalhou quando continuei a abraçá-lo por um longo tempo antes que ele levantasse a cabeça do meu ombro olhando para mim. Os olhos vermelhos do meu irmão me fizeram morder meu lábio com força, eu não queria vê-lo assim.
— Phi realmente tem que fazer isso?
— Hmm. — assenti.
— Se você morrer, eu vou desenterrar seu corpo só pra te xingar e não vou queimar ofertas pra você. Vou deixar você morrer de fome uma segunda vez, não vou te dar méritos.
Eu sorri um pouco vendo seu rosto sério me ameaçando.
— Eu sei, eu te disse que não vou morrer fácil! Você não tem que se preocupar, eu vou viver e trabalhar, ganhar dinheiro para sua faculdade e você poder fazer o que seu coração quiser. — Eu falei, fazendo carinho na cabeça do meu irmão.
— Por favor, me prometa! Diga sim!
— Sim.
— Então você pode comprar mais jogos pra mim?
— Idiota. — reclamei, balançando minha cabeça.
Mesmo que ele tenha falado desse jeito, suas lágrimas continuaram caindo. Segurei seu rosto gentilmente, prometendo que eu ficaria bem e que não o faria chorar de novo, eu prometi que faria qualquer coisa, mesmo se fosse difícil, eu não iria desistir facilmente e morrer.
•••
[QUINTA-FEIRA]
É difícil, eu já tinha suspirado pela milésima vez depois de terminar minha aula. Fui da universidade para a casa enorme que eu tinha ido ontem e o dia anterior.
E, de agora em diante, provavelmente vou estar por aqui mais vezes.
Cheguei umas três horas mais cedo que antes e entrei, tomei muito tempo para ter coragem de encarar Kinn outra vez, sei muito bem que minha vida não vai ser fácil daqui para frente.
Em conclusão, eu fiz a escolha certa ou não?