Cap.5: Nunca mencione aquela família para mim!
"Acorde, não durma mais, vá buscar os remédios de sua avó".
Bai Luo Yin esfregou os olhos enquanto notava que o sol nem tinha levantado ainda.
"Não é como se você precisasse se inscrever para pegar os remédios, você pode simplesmente entrar na fila se tiver a prescrição", ele resmungou para si mesmo. Bai Luo Yin se virou e estava prestes a voltar a dormir.
"Quanto mais cedo você sair, mais cedo você volta. Sua avó está um pouco ansiosa".
Bai Luo Yin virou algumas vezes em sua cama e, então, saiu dela relutantemente. Pelos últimos dez anos seu café da manhã nunca mudara; toda manhã seriam breadsticks fritos e tofu. Bai Han Qi havia sido sempre o primeiro a vir nessa barraca de café da manhã, as vezes ele vinha quando a dona nem tinha aberto ainda, ele sentava e esperava; ele estava determinado a comprar o café da manhã daquela barraca em particular. Já que ele estava lá frequentemente, ele virou um cliente regular da barraca. Sempre que ele vinha, a dona nem precisava perguntar e apenas ensacava seus pedidos usuais.
"Estou cheio", Bai Luo Yin baixou sua colher.
Bai Han Qi olhou intensamente para seu filho, "Você sempre deixa um pouco toda vez".
Bai Luo Yin tinha um mau hábito: não importava qual comida fosse, ele sempre deixaria restos depois de comer a refeição. Mesmo que ele ainda não estivesse cheio, ele nunca terminaria o último pedaço; que logo tornou-se num mau hábito dele. Quando ele era criança, sua família não tinha dinheiro suficiente para viver; mesmo assim, seu pai sempre deixava a melhor parte da comida para ele. E, porque Bai Luo Yin realmente amava seu pai, ele sempre deixava uma parte para ele.
Agora, as condições de vida de sua família estavam melhorando, ainda assim ele não conseguia se livrar desse velho costume.
Era sexta-feira e, durante os fins de semana, o médico geralmente não estaria disponível, por isso muitas pessoas ficavam em uma fila para registro. Principalmente para hospitais de nível alto como esse, como se fosse dia de exame gratuito, muitas pessoas se aglomeravam no lugar exatamente como a cena do metrô de Beijing durante a hora do rush.
"Ei, você! Você pisou no meu pé!"
"Impossível. Meus pés nem estão tocando o chão!"
"…"
Bai Luo Yin estava de pé atrás de uma garota muito bonita. Quando as pessoas atrás dele empurraram, o corpo dele batia levemente na menina toda vez; ele nem sabia se deveria se sentir irritado ou abençoado. Se isso continuasse, ele temia que, no tempo que fosse a vez dela de fazer o exame, ela seria diagnosticada com gravidez².
"Olá, bonito".
"Estou falando com você".
Bai Luo Yin ainda estava sonhando acordado com a garota bonita na frente dele quando alguém deu um tapa com um tanto de força no ombro dele, que o acordou de seu transe. Ele se virou e olhou para os recém-chegados. Ele estava um pouco surpreso com a repentina aparição de outras duas garotas, cujas alturas e estilos eram similares entre si. Parecia que elas queriam furar a fila.
"Sr. Bonito, você tem duas opções: uma é nos deixar furar a fila e, dois, é nos dar seu número de telefone".
"136XXXXXXXX"
As duas garotas sorriram largamente e saíram.
A estudante colegial na frente dele estava mantendo seu silêncio. Depois de ouvir a resposta de Bai Luo Yin, ela reuniu toda sua coragem para se virar e perguntar, "Aquele era realmente seu número?"
"A verdade é que eu não tenho um telefone".
"…"
Quando o sol estivesse acima de sua cabeça, Bai Luo Yin voltou com uma grande sacola de remédios que custavam por volta de 1057 Yuan, 3 mao 2, o equivalente a um mês de despesas. A principal razão pela qual a família de Bai Luo Yin estava nessa crise agora era porque tinham dois idosos doentes em sua família: sua avó dependia de remédios para manter sua condição, enquanto seu avô, com uma certa frequência, tinha que visitar o hospital para medicação intravenosa para prevenir reincidência de trombose cerebral.
Bai Han Qi tinha dois irmãos mais velhos. O mais velho era um professor que ensinava em uma escola bem conhecida de Beijing; seu salário mensal seria mais de um milhão yuan. Suas finanças eram estáveis, porém ele tinha um hobby enorme, que era fingir que era pobre. O segundo irmão era um empreendedor que tinha sua própria companhia e era um apostador, mas, sempre que ele levava os idosos para ver um médico, sua carteira sempre estaria vazia.
"Oi tia".
Bai Luo Yin cumprimentou sua vizinha no caminho de casa.
"Você acabou de voltar? O que vocês terão para o almoço?"
"Eu ainda não sei".
Bem quando Bai Luo Yin terminou a frase, uma alta buzina veio do carro atrás dele. Ele virou sua cabeça para dar uma olhada e viu um carro militar. Ele virou o olhar para o dono do carro, que era uma dama jovem e bonita sentada do lado de dentro.
Bai Luo Yin rapidamente acelerou o passo.
"Xiao Yin".
Para ser capaz de alcançar Bai Luo Yin, Jiang Yuan teve que suspender suas saias enquanto ela corria atrás dele. Se esta cena fosse vista por Gu Hai, ele definitivamente teria levantado os dois polegares e rido até se cansar.
"Por que você está me evitando?"
Bai Luo Yin manteve-se em silêncio.
"Eu estou procurando por você porque tenho algo para lhe dizer."
Bai Luo Yin ainda não dissera nada, mantendo uma expressão impassível.
"Se você não vier comigo, eu entrarei na casa".
Ele podia ouvir fracamente a voz de sua avó do pátio da casa; dentro da sacola de plástico em sua mão estavam os remédios cardíacos dela. Ele estava tendo dificuldades de decidir por um segundo. No fim, ele se decidiu e seguiu sua mãe.
"Sua escola atual tem uma baixa taxa de graduação e o ambiente de aprendizado lá também é ruim. Eu contatei uma escola particular, você deveria ir pra lá por dois anos. Depois dos exames da escola, eu mando você para o exterior."
Bai Luo Yin cuspiu duas palavras, "Não vou".
Jiang Yuan já tinha adivinhado tal resposta, ainda assim ela não desistiria tão facilmente.
"Você pode me odiar e achar que eu sou ruim nisso e naquilo, mas você não pode dificultar para si mesmo. Que tipo de caminho aquela escola pobre pode lhe oferecer? O filho do meu novo marido também é da sua idade e está estudando nessa escola particular. De que forma você é pior que ele?
Novo marido – Bai Luo Yin se sentia muito aborrecido ouvindo essas palavras.
"Você não pode estar seguindo os passos do seu pai, que sempre foi uma pessoa fraca sem ambições que ainda vai para o trabalho de bicicleta aos quarenta?"
Bai Luo Yin tentou se acalmar e foi capaz de produzir uma sentença completa.
"O que tem de tão bom em comparar uma pessoa com outra? Não é sobre o quanto eles são ricos, é sobre como eles fazem tal dinheiro. Deixe-me perguntar, senhorita Jiang Yuan, você está andando em um carro de luxo e carregando bolsas de marca, no entanto quantas pessoas você já abrigou?"
Essas palavras foram como uma faca perfurando o coração de Jiang Yuan.
Ela olhou fixamente para Bai Luo Yin por um momento antes de abrir a boca de novo, tremendo.
"Eu sei que nunca fiz meu dever como mãe, mas agora eu quero compensar por isso. Você só tem 17 anos, e eu ainda não sou velha também, por que você não me dá uma chance?
"Okay, eu lhe darei uma chance. Eu quero que você nunca mais venha me procurar."
Bai Luo Yin se levantou e, rapidamente, se afastou do carro.
"Xiao Yin!"
Jiang Yuan se levantou bruscamente enquanto chamava por Bai Luo Yin enquanto estava à beira de lágrimas.
Bai Luo Yin fechou suas mãos e se virou para encarar Jiang Yuan.
"E também, de agora em diante, nunca mais mencione aquela família na minha frente de novo. É muito irritante!"
********************
Cap. 6 – Adorável velho casal
"O que? Você quer se transferir?"
Gu Hai acenou a cabeça, "Minha escola atual é muito perto da minha casa e, já que eu me mudei, é bem inconveniente sem transporte confiável."
Fang Fei estava um pouco chocada com as palavras de Gu Hai.
"Você acabou de dizer que saiu de casa?"
Gu Hai recostou-se vagarosamente contra o armário enquanto acendia um cigarro casualmente antes de responder, "O velho e eu brigamos".
Fang Fei tomou o cigarro da mão de Gu Hai, "Você é novo demais para fumar. Deixe-me dizer, fumar pode afetar sua puberdade."
"Eu já passei da puberdade".
Os olhos de Feng Fei olharam involuntariamente para a região da virilha de Gu Hai, mas ela foi rápida em desviar seu olhar e fingir que nada tinha acontecido enquanto ela começava outra conversa.
"Então, que tipo de escola você está procurando?"
"É aí que preciso da sua ajuda".
"Eu sabia. Não há nada de bom em você procurando por mim."
Gu Hai partiu um pequeno sorriso.
"Agora você é a única família em quem eu posso confiar."
Fang Fei se sentiu emocionada ao ouvir essas palavras. Gu Hai era como seu próprio irmão. Ele sempre a seguia para onde ela fosse. Mesmo quando os dois cresceram ainda era do mesmo jeito, não importava o quê, ele sempre vinha encontrá-la.
"Na verdade, meu marido acabou de fazer amizade com alguém que, por acaso, é um diretor."
"Então se apresse e diga a ele para me ajudar".
"Espera um pouco", Fang Fei segurou a mão de Gu Hai, "Eu devo lhe dizer antes de tudo, essa escola não é daquelas de alta qualidade, o ambiente de aprendizado não é tão bom quanto o da escola que você está agora. Bem, não é tão ruim, no entanto".
"Contanto que eu possa estudar lá, tudo está por sua conta".
Bai Luo Yin tinha acabado de ligar o computador e logar em seu e-mail; sua caixa de entrada estava preenchida com spam de mais de vinte e-mails não lidos de um endereço estrangeiro, e eles eram da mesma pessoa… Shi Hui.
Delete, delete tudo, completamente.
Se fosse para terminar, ele deveria fazê-lo de forma que não restasse nenhum traço de sentimento.
"Xiao Yin ah~ Venha aqui".
A voz de vovó Bai chamou por ele do quarto ao lado.
Bai Luo Yin levantou rapidamente e foi ao quarto dela.
Vovó Bai estava sentada no sofá, uma figura pequena e gordinha, exatamente como uma pequena estátua de Buddha. Se ela não falasse uma palavra, todos pensariam que ela tem um corpo saudável e uma mente lúcida. Mas assim que ela falava, suas palavras os afastariam.
"Xiao Yin ah, serre uma maçã para mim."
Bai Luo Yin já estava acostumado com esse tipo de fala. Ele imediatamente pegou uma maçã e começou a descasca-la. Quando ele estava na metade do serviço, vovó Bai não podia mais olhar; ela pegou a casca da maçã balbuciando alguma coisa e a colocou na boca.
Bai Luo Yin tentou impedi-la, "Vó, não coma isso."
"Grossa, grossa."
Bai Luo Yin entendeu que sua avó dizia que ele tinha cortado a casca muito grossa.
Um ano atrás, sua avó era alguém muito comunicativa. Durante as reuniões de família só se escutava a voz dela. Naquele tempo, vovó Bai era uma pessoa bastante tagarela; dez pessoas não podiam competir com ela.
No início desse ano, vovó Bai foi admitida no hospital devido a uma embolia pulmonar, e depois uma trombose se formou ao longo das veias que levam o fluxo de sangue para o cerebelo, que a fez falar com aquela linguagem inexplicável.
Tome "serrar uma maça" ao invés de "cortar uma maçã" como exemplo, e, a maioria das vezes, ela chamava o vovô Bai de tio, ou chamava a tia de Luo Yin de irmã mais velha. Com o tempo, ela até chamaria seu próprio neto como alguém da mesma idade que ela.
"Vó, eu vou voltar para o meu quarto. O computador ainda está ligado."
"Espere um pouco, eu quero conversar com você mais um pouco".
Mais uma coisa: mesmo que a fala de vovó Bai não fosse a mesma de antes, ela ainda podia bater-papo entusiasmadamente, talvez até mais do que antes. Sempre que ela podia pegar alguém, ela falaria sem parar, ao ponto de todos da vizinhança fugirem sempre que a viam. Falando honestamente, apenas os membros de sua própria família seriam capazes de entender completamente seu atual, recém-criado, discurso.
"Quando você vai voltar para a sola (escola)?"
"Em uma semana, aproximadamente."
"Estude muito. Não seja arreliante (arrogante)."
Bai Luo Yin usou "voz de bebê" para responder, "Vó, não se preocupe, eu não serei arreliante (arrogante)."
Em menos de cinco minutos, vovó Bai começou a adormecer profundamente. Geralmente pessoas mais velhas teriam dificuldade para dormir, entretanto vovó Bai era, definitivamente, uma exceção. Ela acordava às oito da manhã para o café da manhã e voltar a dormir até o meio-dia, almoçava, voltar a dormir novamente até às quatro da tarde, se mexer pela casa um pouco, começar a jantar e, então, às oito ela se recolhia para a noite.
Em contraste com a vovó Bai, vovô Bai acordava e saía da cama às quatro da manhã, andar de bicicleta pela vizinhança, ao meio-dia voltaria para uma refeição, sair novamente à tarde, voltar de noite para o jantar, então sair para uma curta caminhada e, pelo tempo que voltava, já seria bem tarde da noite.
Eles só tinham uma coisa em comum: ambos tinham a cabeça confusa.
Por exemplo, os dois assistiam alguns programas na televisão e, então, de noite eles juntariam todos os eventos em um só. Na manhã seguinte eles contariam o drama de TV completa e detalhadamente e, rapidamente, procurariam alguém para recontar a estória.
Bai Luo Yin pegou, convenientemente, um roupão no sofá e cobriu vovó Bai com ele, então saiu do quarto.
****************